31.5.12

Leitosa Fumaça


Tomo doses de loucura diariamente 
desde que mamando me perdi, 
no seio da sociedade.

Pensava ser boca, virei cu: ânus mamais, 
E o tiro saiu pela culatra, 
em raios solares.

para o presidente Shreber

Zeitgeist


O grande poder de simular 
revoluções reacionárias, 
orbitar satélites controladores,
e pousar discos voadores imateriais 

Sobre cabeças sujeitadas, 
num espaço-tempo comprimido vida-morte, 
o cano da metralhadora , falo-racho, 
o pedágio, e a enrabação. 

Alienígenas e alienados produzem
alienação: falta, estoque e segregação. 
Represa de fluxos , a escoar por poros.
de pele e direções incertas.

Antimatemática


Quando 1+1 não é igual a 2, 
como proceder?
1=2?
x=n!

Guerrilheiro


Terrorismo cyber-punk: 
mais do que ser hacker, 
pensar profundo, falar o mínimo e agir, 
vírus de revolução da realidade.

Minotauro


Corpo de homem, 
cabeça de touro, 
Labirinto palavra, 
eterno retorno.

jogo de filacantos, 1.6.2012

Astrolábio


Olho para ti e me cegas
Fecho os olhos e me beija

Primeiro é só volúpia e violência
Depois navegando, rodopio à sua volta, 
conquistando o mundo

E há de me consumir inteira, 
consumando assim o nosso beijo
Tu sol eu Terra

Então partirei. Partida:
de xadrez, para a aventura
A próxima é a lua

30.5.12

Primeira de Mangueira


O sambista: gari, bacharel, manobrista.
Pai de Santo, pau de arara. Autista:
O sambista está dormindo,
Mas não tarda em acordar.

Alvorada, o dia, à tarde, à noite,
Toda a madrugada, raposas e gatos,
macacos e ratos fuxicam,
fornicam e fuçam e roncam.

Mamíferos e aves para os Orixás,
Flores e frutos do mar para Iemanjá!
Viva o mar, o samba-enredo, cada vida!
Amante esfinge, amado enigma.

Um ano e três dias, a bandeira.
Tantos bambas saindo da Cartola,
Circo Mágico do povo,
Além-fronteiras.

jogo de filacantos, 31.5.2012

Onanista terrorista


Estranha fixação de se masturbar
em frente às câmeras de segurança,
só para depois destruí-las
com rajadas de prazer.

29.5.12

Suor


Vaza cor, 
Derramado rio,
aquarela flor,
calor vazio.


Argumento, ator,
soldado, pavor,
solidão algoz,
esplendor Brasil.


jogo de filacantos, 30.5.2012

Cacos de menta


O lança-perfume me faz rir mais alto...
que o meu nariz!
Eis que ele cai pra trás,
levando o corpo inteiro.


Por sorte o solo de grama,
mas quebrando do mesmo jeito,
sucumbo ao macio, derramado

leite céu na cama.

jogo de filacantos, 30.5.2012

Pouco tanto sei


Descompassado mudo,
grito surdo,
tua ausência, minha preguiça,
nossa saudade.


O tempo não nos resta nunca mais,
agora somos livres de verdade,
quando a promessa se desfaz.


O ritmo louco, de tudo um pouco,
a coberta vazia esconde a solidão.
A lua crescente, o sol nascente,
o vento que passa, e um avião.


jogo de filacantos, 30.5.2012

Literatura e Cinema


Máquinas de guerra?
Clube da luta!

O Anticristo?
Folhas de Relva!

Mil Platôs?
Minha Felicidade!

O vírus vira um
V de Vingança!

28.5.12

Hydra Centoupius


Cortava-lhes as cabeças,
retornavam sempre aos montes.

Andando com mil passos,
a revolução maquinária dissipou-se.

Em desventuras um marco.

As aventuras, um parto.
Afrodisíaca terra.

Máquinas de guerra!
Tarkus explode!
"No hay, no hay banda"!
Sonhos e quimera.

comentário sobre A luz, o palco e o movimento, 29.5.2012

Metamorfoses no ar


"Lá vai um cavaleiro andante,
coberto de poeira"!
(gracejo de infância)

"Gosto muito de você, leãozinho,
caminhando sob o sol"
(Caetano Veloso)

Pina 3D:
Dança Pina! Filma WWenders!
Junta a galera e quebra tudo!


comentário sobre Dança da poeira, 29.5.2012

27.5.12

Obscura Luz


O jardim da noite cidades em chamas,
enxames de abelhas de luzes elétricas.
Mas damas e rainhas ainda perfumam o ar.

As sombras estão cheias 
de cores, pulsos e sangue.
O silêncio que ouço no barulho,
e o seu contrário multidão.

Para morrer é preciso ser esquecido,
mas como retornar, se até o sol morre?
E torno a nascer toda manhã.

Bola de meia, redes de luz 
pontos e rotas em curvas infinitas.
Flamejantes pássaros, formidáveis ondas,
infindáveis formigas, que infestam a terra

de vida.

e monstros do mar.

jogo de filacantos, 28.5.2012

Onipresente


Os outros são peças 
do meu jogo de xadrez,
enquanto jogo contra
mim mesmo.


Precipício


Só quem sempre esteve aqui
conhece as misérias desta terra,
e não as blasfema,
mas silencia.

24.5.12

O velho e o mar


com os dedos flamejantes,
mandando garrafas ao mar,
sem quê nem porquê.

No sapatinho


Véi, na boa véi,
ninguém faz melhor do que eu,
porque eu faço o meu melhor.

Reconhece isso no outro?
Reconheço apenas a mim mesmo,
e reconheço-me no outro.

Enfrentei o deus da morte,
e sai sorrindo mais um dia
prestando reverência à vida.

Vendo flores e corpos nessa caminhada,
abri o cérebro  para a ginga, a malícia...
e para a arte! 

Pesei a seifa e o conhecimento,
fluxo da experiência,
o furacão e o vento.

O surfista prateado


Fragmentos de greve.
Na curva do metal a velocidade ideal.
Sol de outono banhando a tarde
de um dia tão bonito.

19.5.12

TPM


Tesão Pré Momento:
a espera que antecede a felicidade
de te ver peladinha:
fluida vida minha,
profunda bagunça cósmica.

Depoimentos


É incrível escrever um blog,
não precisar que ninguém leia,
mas saber que qualquer um pode ler,
desde que consiga as condições para lê-lo.

Dessa forma, no fundo,
não haverá segredos no mundo.
E muito vezes o mundo não tem forma.

E na verdade tudo o que faço é um diário.
Momentos no qual imprimo a própria vida.
Sou máquina de escreviver momentos.

Um dicionário


de poesias:
Palimpsesto atômico.
Gravitações em torno
de uma sopa de letrinhas.

Onírico


Ornitorrinco,
Esse mestiço de castor com pato.
Híbrido de mamífero, ave e peixe.
O que constrói a barragem dos fluxos,
E o que boia no fluido múltiplo.

E que se realiza na ilusão de um ser,
signo condição de produzir desejo.

Onomato: o 'clock


Na parede o relógio faz tic tac.
No peito o coração faz tu dum.

A vontade fez tibum
quando pulou, a água fez splash.

O clown toma do relógio de bolso,
o show já vai começar.

"Pelado pelado,
nu com a mão no bolso!"

Autista


No automático silencio minha reação de fala.
A boca cala, renuncia a ação alheia.

Pois de nada preciso para cagar na terra,
respirar o ar, beber a água, me esquentar ao sol.


Modelo a mim mesmo, encubado, à produção máxima. 
O potencial do ovo, da semente, do esperma e do cosmos...

Até que a explosão se faça!


Libra


Amor e paixão,
O céu e a terra,
A águia e a cobra,
A cabeça e a genitália:

Duas medidas da mesma balança.

Sorriso amarelo


Para espantar a hipocrisia
Deu uma gargalhada dolorida,
inspirando até a morte, 
de presente para a vida.

comentário sobre Per non dimenticare.

17.5.12

Correnteza


Alguns constroem represas,
outros pontes,
mas é a mesma entidade
que destrói a ambas.

Ela que pula no rio,
que se deixa levar,
até o mar.

Log de B


Depósito de artefactos.
Diário de geladeira de vida e morte.
Pescado em rede de códigos,
boiando num mar de números, 0 e 1.

Linhas de fuga


Projéteis de palavras
perfuram olhos e ouvidos,
corpos pré-históricos.

Deixam rastros efêmeros,
promessas históricas,
e apontam para alvos pós-históricos.

Pró


Procurar soluções,
produzir problemas.

Projetar processos,
profanar projetos.

Proclamar produtos,
processar o pó.

A esfinge pergunta:
construir pirâmides,
ou desbravar labirintos?

(Resposta: e)

És tu pra dor


O direito à escolha
é apenas papel rasgado,
quando se fala de explorador
e explorado.

15.5.12

Fábrica de resíduos


O social, utopia que nasce com a família,
e morre quando deixo a escola.
Ou ilusão que dissolve se não ou à escola,
ou se a escola é uma prisão.

Comunidade que desconheço,
na aldeia global em que vivo,
selva de desejos.

13.5.12

Corpo sem órgãos


A câmera fotográfica,
o instrumento musical,
o computador, lápis e papel,
não me dizem quem eu sou,
mas apontam o que caço.


O bisturi, a tesoura, a enxada, a arma,
a lâmpada,
nada disso me pertence,
e me ajuda a sobreviver.

a água, o fogo, a terra, o ar
substanciam-me
enquanto distancio
de mim mesmo.


Dividido em lembranças e memórias,
no mais o novo que é meu nome,
deixo tudo florescer.


jogo de filacantos, 13.5.2012

Cabotina ironia


Do outro lado da rua
em frente ao espelho
a terceira margem do rio:


A linha de fuga
no horizonte virtual
de uma solidão fragmentada:


Algo se debate
que não fica à vontade
e na deriva se deixa levar:


em multiplicidades.

jogo de filacantos, 13.5.2012

9.5.12

Tentação


Olhar lânguido
inebria inefável
língua, lamento e desejo.

O morro dos ventos uivantes


Máquinas de guerra?
Cães de caça!
Matilhas de máquinas.

O comilão antenado


Aquele que degusta,
ao por a mão na massa,
torna-se sintetizador.

1.5.12

Êxito


Da saída por fim,
não mais hesito, mas me excito
por uma nova aventura,
doce redundância.


comentário sobre Paris c'est Paris

Disritmia


Ah! Essa epifania louca de traduzir
letras em palavras em frases coerentes,
ou poesias sem sentido,
que buscam expressar uma emoção, uma razão.

Essa multidão sem palavras.
Uma voz muda que ecoa por todo nós.